2025
Nova York, NY
Gabriela Mestriner (Instituto Pratt)
Florence Grace-Castonguay (RISD)
Gabriela Mierkalne (CCA)
Rida Zeng (SVA)
Sebastião Arce (EMH)
Vencedor do Workshop ICFF WantedDesign
Emitido por WantedDesign e ICFF · Maio de 2025
Reconhecido como parte da equipe vencedora do Workshop WantedDesign do ICFF de 2025. Nosso grupo, Re-Compost, conquistou o primeiro lugar com uma proposta que reinventa o sistema de compostagem da cidade de Nova York por meio de uma abordagem circular, centrada na comunidade e regenerativa. O projeto explorou estratégias de design multiescalares em camadas físicas, digitais e educacionais, e foi desenvolvido em colaboração com colegas da RISD, CCA, SVA, EMH e Pratt Institute.

RE – COMPOST
Uma visão regenerativa para a compostagem na cidade de Nova York
Desde abril de 2025, a compostagem se tornou obrigatória na cidade de Nova York — um avanço importante na redução de resíduos em aterros sanitários. No entanto, o sistema atual da cidade, apesar de amplo, ainda carece de uma abordagem verdadeiramente circular. A maior parte dos resíduos orgânicos coletados pelas lixeiras inteligentes laranja é enviada para digestores industriais e, devido à inclusão de uma gama mais ampla de materiais e contaminação, muitas vezes acaba em aterros, sem retornar ao solo.
Ao mesmo tempo, Nova York há muito tempo se beneficia de uma rica rede de iniciativas comunitárias de compostagem. Mais de 200 pontos descentralizados espalhados pela cidade — de Governors Island ao Brooklyn — recolhem restos de alimentos e os transformam em composto rico em nutrientes, que é redistribuído por meio de trocas de mudas, canteiros de árvores, hortas escolares e oficinas públicas. Esses esforços locais geram conhecimento, fortalecem comunidades e regeneram a paisagem urbana. No entanto, com a nova obrigatoriedade, essas iniciativas viram uma queda acentuada no volume de resíduos recebidos, já que mais moradores passaram a utilizar os recipientes oficiais da prefeitura. Como resultado, os centros comunitários ficaram sem recursos, e os materiais que antes os sustentavam foram desviados para outro lugar.
Esta proposta responde a essa mudança, reimaginando o sistema de compostagem de Nova York como um ciclo verdadeiramente regenerativo e participativo — garantindo que todo resíduo orgânico não apenas seja coletado, mas também retorne ao solo e às comunidades que mais precisam. Em vez de começar do zero, nosso projeto aproveita a infraestrutura existente — como os recipientes inteligentes, o aplicativo da cidade e a rede de coleta — e os reconecta às organizações locais de compostagem por meio de três camadas integradas: Física, Digital e Educacional.
Camada Física
Propomos um redesenho modular das lixeiras inteligentes, transformando-as de pontos passivos de coleta em pontos ativos de encontro com a comunidade. Na forma mais simples, os recipientes recebem vasos com plantas cultivadas em solo compostado — proveniente exclusivamente de resíduos orgânicos de Nova York. Protegidas por grades metálicas, essas plantas demonstram visualmente os resultados da compostagem e trazem mais verde para o espaço urbano.
Unidades maiores integram assentos, dispensadores de composto e sinalização educativa — permitindo que os moradores escolham entre levar o composto para casa ou doá-lo a hortas locais. Adesivos e folhetos informativos explicam como acessar o aplicativo, o destino dos resíduos e como se envolver com iniciativas próximas. Os módulos físicos variam conforme o local: de intervenções compactas em calçadas estreitas a instalações maiores em esquinas com bancos e uso comunitário.
Camada Digital
Para apoiar e integrar o sistema, propomos o aprimoramento do aplicativo já existente da cidade, tornando-o uma ferramenta de reciprocidade e engajamento. Além de destravar os recipientes e acompanhar as coletas, o aplicativo agora permite ao usuário decidir o destino de sua contribuição — retirar solo, doá-lo ou conectá-lo a hortas locais. Centraliza informações sobre compostagem, atualiza o status dos recipientes e conecta os usuários a programas comunitários.
O app também integra serviços relacionados à alimentação. Os moradores podem acessar informações sobre doação de alimentos, estratégias para reduzir o desperdício e geladeiras comunitárias — criando um centro que conecta resíduos orgânicos, redistribuição de alimentos e colaboração entre vizinhos. Essa mudança de uma ferramenta utilitária para uma plataforma de engajamento empodera os usuários a participar em diferentes níveis.
Camada Educacional
A última camada opera nos níveis físico e digital, tornando a compostagem acessível e concreta. Nas ruas, os pedestres podem ver e tocar o solo gerado pela compostagem, saber para onde ele vai e compreender o sistema do qual fazem parte. No ambiente digital, os usuários são guiados por oficinas, eventos locais e módulos educativos — construindo conhecimento sobre gestão de resíduos e práticas conscientes para o clima.
Ao colocar o solo — o próprio resultado da compostagem — no centro da intervenção, criamos um ponto de contato entre as pessoas e os sistemas ecológicos. Para muitos moradores urbanos, a compostagem parece distante ou abstrata. Este sistema transforma essa percepção ao devolver valor ao usuário e ancorar a compostagem na experiência cotidiana.
Uma proposta sistêmica
Este projeto aborda uma questão urbana ampla por meio da ação local. Ele redesenha a infraestrutura para que funcione não como uma cadeia linear, mas como um ciclo regenerativo. Atua em diversas escalas — do design de um único recipiente ao comportamento coletivo — e integra política pública, tecnologia e engajamento territorial em um sistema coeso.
You give, you get (Você dá, você recebe) torna-se mais do que um slogan. Representa uma mudança cultural — onde o resíduo alimentar deixa de ser descartado e passa a ser transformado em algo valioso: solo fértil, jardins vivos e comunidades fortalecidas.